Chapada Diamantina

Igatú

Igatú

O Parque Nacional da Chapada Diamantina abrange uma área de 152.575,00 hectares(ha) e está situado na Serra do Sincorá, que faz parte da Cadeia do Espinhaço. Ele fica no centro do estado da Bahia e abrange 5 municípios: Lençóis, Palmeiras, Andaraí, Mucugê e Ibicoara e sua sede fica na cidade de Palmeiras.

A cidade de Lençóis, na região norte do parque nacional, é a que mais recebe turistas já que possui melhor infra-estrutura para atendê-los e fica a 420 km de Salvador. Seus casarões históricos foram transformados em pousadas, restaurantes, agencias e outros serviços. Alguns passeios e treks tem Lençóis como base, como Marimbus, Fumaça por baixo, Mixila, Cachoeira dos Mosquitos, Serra das Paridas, Rio Mucugezinho e outros.

As cidades de Palmeiras e Vale do Capão, também ao norte do parque, também contam com estrutura hoteleira, restaurantes, agencias de turismo, principalmente o Vale do Capão. Ele é uma das entradas para o Vale do Paty, Cachoeira da Fumaça e Águas Claras. De Palmeiras podemos visitar o Morro do Pai Inácio, Morro do Camelo, Campos de São João e outros.

Na região central do parque tem as cidades de Andaraí, a 450 metros de altitude e Mucugê, á 1.000 metros de altitude. São muito próximas (40 km pela estrada), mas com o desnível grande o clima entre elas é muito diferente.

Andaraí é uma das portas para o paraíso do Vale do Paty, trek mais famoso da chapada, além de ter a bela Cachoeira do Ramalho. A cidade não conta com muita estrutura turística, sendo carente de restaurantes sofisticados por exemplo.

Mucugê é o município com maior área dentro do parque nacional, com alguns atrativos como o Cemitério Bizantino, o Projeto Sempre Viva, as cachoeiras do Cardoso, Andorinhas, Três Barras e Cristais. A cidade conta com boas pousadas e restaurantes para acolher os viajantes.

Entre essas duas cidades tem a vila de Igatú, famosa por suas ruínas e por ser bucólica, encravada na serra, tendo somente 384 habitantes. Pousadas charmosas e bons restaurantes a transformam no lugar ideal para aqueles que querem pouco movimento e uma vida pacata.

Na face leste da Serra do Sincorá há a vila do Guiné, outra porta de entrada para o vale do Paty. A Serra do Desbarrancado molda um visual perfeito com suas belas escarpas para quem vai começar a caminhada do Paty. Há poucas pousadas e todas bem simples, assim como restaurantes.

No extremo sul do parque nacional temos a cidade de Ibicoara. De todas acima é a unica que não conta com edifícios históricos, com um centro urbano que não chama a atenção. Mas da cidade a vista já é um espetáculo, com a Serra do Sincorá crescendo do chão ás nuvens, formando um lindo paredão. Além das cachoeiras do Buracão, Fumacinha, Licuri, Véu de Noiva e Rio Preto um dos melhores atrativos da cidade é a zona rural e o jeito como se vive por lá. O contato com a roça é intenso e as opções de hospedagem são simples e aconchegantes, todas encravadas em vales profundos no sul da Serra do Sincorá.

A região da Chapada Diamantina é bem maior que a Serra do Sincorá, que abriga somente o parque nacional. Á oeste do parque nacional há um outro prolongamento da Cadeia do Espinhaço, que tem inclusive os picos mais altos do nordeste do Brasil. Essa serra termina no vale do Rio São Francisco. As cidades de Rio de Contas, Abaíra, Piatã e Livramento de Nossa Senhora ficam nessa região. Ainda não oferecemos passeios para essa região, pois o acesso não é fácil, com estradas ruins, distancias grandes e velocidade média muito baixa.

O mapa abaixo divide o estado da Bahia em regiões.

Mapa Chapada Diamantina-BA

Fonte: http://www.bahia.ws/mapa-bahia/chapada-diamantina

Clima e Relevo

O clima da Chapada Diamantina é tropical semi-úmido, embora em algumas regiões predomine o semi-árido. A altitude varia, já que o parque é uma região de montanhas. Portanto, para entrar no parque é necessário subir a serra, já que as cidades estão abaixo destas. A média é de 1.000 metros de altitude, mas os lugares mais baixos estão a 440 metros e os mais altos a aproximadamente 1.600 metros de altitude. Fora do Parque (a oeste) está o pico mais alto do nordeste brasileiro, o Pico do Barbado, com 2030 metros de altitude.

O A imagem de satélite abaixo mostra a metade norte do Parque Nacional da Chapada Diamantina, entre as cidades de Lençóis e Palmeiras (extremo norte) e Mucugê (centro). Essa região é onde se concentram a maioria dos treks, como Fumaça, Mixila e Vale do Paty.

Fonte: http://www.oocities.org/br/isrcl/satelite.jpg

Vegetação e Geologia

O Parque Nacional da Chapada Diamantina fica em uma região de transição de biomas, por isso abrange áreas de cerrado, caatinga, campos rupestres e matas de altitude. E o mais impressionante é conhecer de perto a mistura desses biomas que formam uma das mais exuberantes paisagens do Brasil. Há espécies endêmicas que se misturam com outras e formam um belo cenário que somente quem visita a região pode ter idéia. Bromélias, Orquídeas, Sempre Vivas e Canelas de Ema são plantas abundantes e facilmente encontradas nos passeios.

Canyon Fumacinha

Canyon Fumacinha

Dentro do parque as rochas mais freqüentes são conglomerados, argilitos, silititos, arenitos e quartzitos, dominando a região das serras. Em volta do parque há rochas calcarias, rochas glaciais e sedimentos gnáissicos primitivos.Com menos incidência há também os sedimentos recentes e rochas vulcânicas.

As paisagens montanhosas da Chapada Diamantina foram formadas pelo fenômeno chamado soerguimento, que ocorre quando pressões que vem de dentro da crosta terrestre acabam elevando parte da superfície. Por fim o tempo é outro responsável pelas belas paisagens, já que ele causa erosão, mudando-as através de chuvas e ventos.

Apas e Parques Municipais

APA Iraquara-Marimbus

Com 125,4 mil hectares a APA Iraquara-Marimbus engloba 5 municípios: Lençois, Andaraí, Palmeiras, Iraquara e Seabra. Foi criada em 1993 com o objetivo de garantir a conservação de áreas naturais ameaçadas pela ocupação humana indevida e assim proporcionar aos turistas uma possibilidade de conhecer a beleza da região.

A parte norte, em Iraquara e Seabra é a região das cavernas calcarias e Palmeiras é a região dos morros mais famosos, como o Morro do Pai Inácio e o Morro do Camelo onde o fluxo de turistas é intenso e há roteiros diariamente. Já na região de Lençóis e Andaraí é a área chamada de Marimbus, também conhecida como mini-pantanal.

Marimbus

Marimbus

No Marimbus os rios Santo Antônio, São José e Utinga recebem águas das serras do norte do parque nacional, dentre elas dos rios Mucugezinho, Preto, Capivara, Roncador, Caldeirão e Garapa e formam a paisagem que atrai muitos turistas em roteiros diários. O assoreamento causado pelas areias que desceram a serra por causa do garimpo provocou um grande impacto ambiental, formando praias e extensos areais.

Parque Municipal de Mucugê

O Parque Municipal de Mucugê, com 570 hectares, abriga e o Museu Vivo do Garimpo, consolidando a identidade cultural do município, que foi a primeira cidade da Chapada Diamantina onde foram descobertos diamantes, em 1844, iniciando o ciclo diamantífero na Bahia. Já no Projeto Sempre Viva, também dentro do parque municipal, é possível conhecer as cachoeiras do Tiburtino e das Piabinhas.

Fogo

Um dos principais inimigos do parque e da natureza de forma geral é o fogo. Sabemos que ele pode ocorrer naturalmente, mas nos últimos anos as queimadas que ocorreram no parque foram causadas pelo homem. Muitos incêndios são propositais, sendo portanto um crime, e os responsáveis devem ser punidos. O orgão responsável pela fiscalização, prevenção e combate aos incêndios florestais é o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICM-BIO). O parque nacional não está regularizado, ainda ha questões fundiárias para serem resolvidas, e isso impede o ICM-BIO de fechar as portas do parque nacional para o controle da entrada e saída de pessoas. A questão fundiária também impede a criação da lei que obriga o viajante a contratar um guia credenciado para fazer as trilhas no interior do parque. Se isso fosse possível o guia seria responsável legal do grupo que está conduzindo por qualquer dano ambiental ou por um eventual atendimento médico, precisando conhecer bem as trilhas, pontos de apoio e procedimentos de primeiros socorros. Outros, embora poucos, são acidentais e podem ser perfeitamente evitáveis. Cigarros devem ser apagados com cuidado e restos de vidro ou alumínio não devem ficar pelo caminho. Para cozinhar, o guia deve escolher um lugar adequado que não represente risco de o fogo se propagar, assim como ele deve apagá-lo antes de dormir.

Responsabilidade do viajante

O viajante tem a responsabilidade moral de avaliar o comportamento do seu guia em relação á todos os cuidados que envolvem a condução de visitantes, como cuidados com o meio ambiente, com os viajantes e com tudo que envolve a higiene em um ambiente natural. Caso ele veja algum comportamento inadequado do guia ele deve chamar a atenção do mesmo e fazer reclamação junto ás autoridades competentes.

Histórico da Chapada Diamantina

De acordo com FUNCH (2002), a história da ocupação humana na região da Chapada Diamantina se deu com a exploração do ouro e do diamante. No início do século XVIII foi descoberto ouro na cidade de Jacobina, no norte da Chapada Diamantina. Inicialmente a exploração do ouro foi clandestina, mas a partir de 1720 foi finalmente liberada na região de Jacobina. Depois de quatro anos foi liberada a exploração na região sul da chapada, onde hoje esta situada a cidade de Livramento de Nsa Sra. A exploração do ouro na Bahia se deu por mais dois séculos, já que no século XX elas começaram a se esgotar.

Já a exploração do diamante teve seu início por volta de 1730, mas foi feita de maneira ilegal e clandestina até 1832, quando foi liberada. Nesse meio tempo foram descobertas jazidas e o caráter diamantífero da região foi reconhecido. Em 1844 um comerciante que viajava pelas vilas da região reconheceu o cascalho que sempre via na chapada velha quando andava na região de Mucugê.

Após algumas tentativas encontraram diamante no córrego que corta a cidade, e então começaram a explorar a região. Não demorou muito até a notícia se espalhar e começaram a chegar muitos garimpeiros, povoando e alavancando as cidades da região. De Mucugê até Morro do Chapéu (ao norte) o povoamento se intensificou e surgiram novas vilas, como Igatu, Andaraí e Lençóis, e essa região que abrange os ciclos do ouro e do diamante ficou conhecida como Chapada Diamantina. Essa corrida de pessoas atrás da “riqueza fácil” que a exploração desses materiais também resultou em lutas políticas, já que os originários do Planalto Central, do Vale do São Francisco e do Sertão Baiano se depararam com os originários do Recôncavo Baiano e até mesmo os portugueses que representavam a coroa. Isso gerou muitos conflitos e junto com a decadência do garimpo ocorreu a disputa de poder na qual se destaca o Coronel Horacio de Mattos, um influente e aguerrido coronel proveniente da Chapada Velha, hoje Brotas de Macaúbas. Através de alguns conflitos e algumas alianças ele ganhou muita influência e quando a Coluna Prestes passou pela região foi designado pelo Governo Federal a perseguir suas tropas. E assim ele fez até a Bolívia.

Toda essa disputa de poder teve conseqüências que somadas à queda da atividade do garimpo deixou a região da Chapada Diamantina totalmente aniquilada economicamente. Com a vitória da Republica na Revolução de 1930 o Cel. Horácio de Mattos atendeu aos apelos de pacificação e entregou as armas. Uma vez desarmados, Horácio de Mattos e outros coronéis são presos e enviados à Salvador. Sob protestos contra sua prisão, ele foi solto em 13 de maio de 1931 e foi assassinado dois dias depois a mando de familiares de uma vitima que ele fez no passado. Com a economia aniquilada e sem liderança política a região da Chapada Diamantina entra em decadência e sua população começa a migrar para lavouras de café e garimpos em outros estados do Brasil.

Com a proibição do garimpo, os habitantes da Chapada Diamantina tiveram que buscar outras alternativas para se sustentar. Surgiu, portanto, a atividade turística e com ela veio os conflitos de uma filosofia de preservação ambiental com a tradicional atividade do garimpo, que era responsável por uma degradação ambiental sem tamanho. Até então não existia a idéia de preservação de meios ambientes naturais e a mudança que ocorreria a seguir trouxe novas pessoas e com elas novas idéias de como se deve exercer atividades na natureza minimizando o impacto ambiental. A partir dos anos 90 começaram a chegar à chapada turistas interessados nas belezas das montanhas que formam o parque, e então a Chapada Diamantina pôde sair da decadência econômica que se encontrava.

Ainda é possível encontrar garimpeiros nas serras do parque, mas eles exercem o garimpo manualmente, sem a ajuda das dragas (motores) que antes ajudavam nas escavações e isso torna seu trabalho mais cansativo e menos eficiente. Portanto, os que ainda hoje se arriscam para buscar diamantes não se adaptaram ao turismo como meio de sustento. Mas eles são poucos e geralmente idosos. Mesmo assim representam algum risco porque desviam água de rios e botam fogo no mato para “limpar o terreno” e trabalhar. Mas é importante lembrar que eles são os responsáveis pelas trilhas que a Extreme EcoAdventure caminha, já que são antigas trilhas usadas para a escoação do garimpo e reabertas por nós em nossas expedições exclusivas em caminhos “abandonados”.

Fauna

A caça é, assim como o fogo, um dos piores inimigos dos animais da região. Ainda hoje há caça ocorrendo nas áreas do parque e a falta de fiscalização ameaça a fauna. Hoje os relatos de grupos que vêem animais de grande porte não são freqüentes. Os animais mais freqüentes são: cobras, lagartos, gafanhotos, grilos, mocós (roedor), ouriços, saguis, morcegos, tatus e uma grande variedade de aves.

Referência Bibliográfica:
FUNCH, ROY. Livro Um Guia Para a Chapada Diamantina. Gráfica e Editora Nova Civilização Ltda, 2002